sexta-feira, 13 de agosto de 2010

SOBRE A AMIZADE

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Nosso querido colega José Renato Sampaio Tosello (que aqui aparece com Dalva, sua mulher, em imagem captada durante o coquetel comemorativo da colação de grau, em 1975) nos enviou uma bela crônica que anda a circular na Internet, cujo verdadeiro autor é o jornalista gaúcho Paulo Sant'Ana (a sua criação tem sido injusta e incorretamente atribuída a Vinicius de Moraes).

Paulo Sant'Ana publicou Meus secretos amigos pela primeira vez no dia 15 de abril de 1994, na coluna que mantém no jornal ZERO HORA, de Porto Alegre, SP; por tratar da amizade de um modo que, certamente, diz respeito a todos nós, da XX Turma da Faculdade de Medicina de Sorocaba, achamos por bem trazê-la para este blogue; eis o texto:
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Meus secretos amigos

de PAULO SANT'ANA

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.

Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles… Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências…

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Essa mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles!

Eles não iriam acreditar! Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação dos meus amigos, mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não o declare e não os procure.

Às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles e me envergonho porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem-estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamento sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer… Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos e, principalmente, os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus verdadeiros amigos.

A gente não faz amigos, reconhece-os.

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