quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

UMA BREVE HISTÓRIA DO PAPAI NOEL

Papai Noel e a Coca-Cola
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Um simpático velhinho vestido com gorro, túnica e calças vermelhas com bordas de peles brancas, a calçar botas, costuma ocupar o centro das atenções durante o período natalino e povoar a imaginação das crianças. Trata-se do Papai Noel, que se encarrega de trazer presentes para as crianças bem-comportadas de todo o mundo na véspera do Natal dos cristãos.

Mas quem é essa figura? Como surgiu e de onde vem a tradição de se lhe atribuir a função de distribuir presentes nessa época do ano?

Em primeiro lugar, cabe observar que o nome brasileiro da personagem, ao que tudo indica, deriva da tradução parcial do seu nome francês, Père Noël: em vez de Papai Natal, como seria de se esperar numa tradução completa da expressão, adotou-se Papai Noel — parte em português, parte em francês —, hoje de uso consagrado no nosso País.

A personagem é uma composição de referências míticas integrada, especialmente, por atributos de um santo cristão — São Nicolau de Mira — e de um deus pagão da mitologia germânica, Odin; dessa divindade vem a referência a Sleipnir, um cavalo voador de oito patas, com o qual Odin podia cobrir grandes distâncias, mito que se relaciona ao trenó do Papai Noel, puxado por nove renas (cujos nomes são Corredora, Dançarina, Empinadora, Raposa, Cometa, Cupido, Trovão, Relâmpago e — a mais famosa delas — Rodolfo, a rena com nariz vermelho e luminoso); reza a tradição ainda que, se as crianças deixassem, próximos à chaminé das suas casas, seus sapatos com comida para o cavalo voador, Odin as recompensaria com presentes e doces, como retribuição pela gentileza.

São Nicolau de Mira
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Odin
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Da figura de São Nicolau de Mira vem uma outra parcela da construção da personagem. Nascido em Patara, sul da Turquia, por volta do ano 250, Nicolau tornou-se bispo da cidade de Mira, situada na mesma região. Ele foi uma figura muito venerada por sua bondade e pela prática constante da caridade, distribuindo dinheiro e bens aos necessitados, sempre de modo discreto, humilde e silencioso (na esteira do preceito de Mateus, 6: 1-4: “Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus./Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão./Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita;/Para que a tua esmola seja dada em segredo; e teu Pai, que vê em segredo, ele mesmo te recompensará publicamente.”).

Uma das lendas que integram a hagiografia de Nicolau faz alusão a um pobre cidadão que não tinha recursos para compor os dotes das suas três filhas, fato que o deixava desesperado por temer que elas, sem possibilidades de se casar, tivessem de se prostituir para sobreviver; Nicolau, ao saber disso, teria lançado, pela chaminé da casa, à noite, três sacos com moedas para os dotes, que vieram a cair dentro das meias das jovens, deixadas sob a chaminé para secarem com o calor do fogo; essa lenda, assim como o mito de Odin, explicaria o hábito de Papai Noel dar presentes, deixando-os dentro de meias ou sapatos colocados próximos às chaminés das casas.

Nicolau faleceu em 6 de dezembro de 342 e foi canonizado pela Igreja Católica sob o nome de São Nicolau de Mira; a sua festa litúrgica ocorre sempre no dia 6 de dezembro; é o protetor das crianças, dos estudantes, dos marinheiros e dos comerciantes e padroeiro da Rússia, da Grécia e da Noruega.

A personagem do bom velhinho, que emerge, já no século XVII, como Father Christmas na mitologia britânica, guarda correspondência com uma figura lendária holandesa conhecida como Sinterklaas (uma simplificação do nome Sint Nicolaas, ou São Nicolau); Sinterklaas foi introduzido no universo mitológico americano por meio dos imigrantes holandeses que povoaram, a partir de 1613, a ilha de Manhattan (hoje um dos bairros da cidade de Nova Iorque), na qual constituíram uma colônia denominada Nova Amsterdã; Sinterklaas, cujo mito veio a ser difundido entre as demais comunidades americanas, passou a ser chamado de Santa Claus, nome que até hoje designa o idoso presenteador.

É interessante observar as transformações pelas quais passou a iconografia do Papai Noel: inicialmente, representado por meio das figuras de São Nicolau de Mira ou do deus Odin, a imagem moderna do Papai Noel surgiu em 1863, desenhado por Thomas Nast, um cartunista americano, que o fez parecer um elfo — já distante da figura do bispo de Mira — em uma ilustração para o semanário Harper’s Weekly.

Santa Claus (desenho de Thomas Nast)
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A imagem criada por Nast se difundiu e foi prevalente até 1931, quando a Coca-Cola — que, desde 1922, utilizava a imagem de Papai Noel para mostrar que a bebida poderia ser consumida em qualquer época do ano, inclusive no inverno — passou a empregar, pelas décadas subsequentes, as ilustrações feitas pelo desenhista publicitário Haddon Sundblom, a mostrar o velhinho com o aspecto que todos conhecemos e que parece ser a sua forma definitiva; é bom lembrar que a cor vermelha da roupa do Papai Noel não foi introduzida pela Coca-Cola, pois já aparecia em diversas outras representações da figura; é evidente, porém, que o vermelho e o branco do traje estão em harmonia com a logomarca da empresa, desenhada com as mesmas cores.
O primeiro desenho do Papai Noel para a Coca-Cola
feito por Haddon Sundblom (1931)
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Papai Noel com o Sprite Boy,
personagem criado por Haddon Sundblom
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Por fim, sugerimos a visita a uma curiosa página do NORAD - North American Aerospace Defense Command, organização militar mantida por forças americanas e canadenses e destinada à proteção do espaço aéreo da América do Norte, que tem rastreado, por mais de cinquenta anos, o vôo do Papai Noel a partir da noite do dia 24 de dezembro, indicando, a cada momento, o paradeiro do velhinho montado no seu trenó; milhares de crianças (e adultos, é bom que se diga) de diferentes partes do mundo acompanham, com prazer, o divertido rastreamento que o NORAD faz do vôo do Papai Noel, empenhado na árdua tarefa de entregar, no prazo, presentes a todos os infantes que ansiosamente os aguardam; o endereço da página, em língua portuguesa, destinada ao rastreamento do vôo do Papai Noel é:


Vejam um dos vídeos produzidos pelo NORAD (a luz vermelha que guia o trenó do Papai Noel é o nariz de Rodolfo, uma das suas renas):


Bom divertimento!
Antonio Ozório Leme de Barros

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