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Essas imagens reproduzem o programa (foram feitos pequenos ajustes para que o fac-símile do original pudesse ser trazido para este blogue) do Show Medicina de 1974, quando, pela primeira (e talvez única) vez o espetáculo foi desdobrado em duas partes, a primeira com uma proposta de renovação formal e temática e a segunda, nos moldes tradicionalmente adotados para a sua montagem.
Foi um projeto muito interessante e estimulante sob o ponto de vista da criação, já que todas as linhas de trabalho artístico que existiam na escola foram atendidas, resultando num espetáculo ao mesmo tempo estranho e inovador.
A primeira parte do show recebeu o título de "Uma luz no fim do túnel" e foi concebida de modo a que se estabelecesse uma relação orgânica entre os diversos números que a compunham; não havia intervalos entre eles e não eram anunciados por apresentadores; os textos intercalados com os números musicais eram, em sua maioria, poemas; a técnica empregada na montagem dessa parte foi a da colagem, bastante utilizada, na época, em espetáculos teatrais e shows de vanguarda; o texto que serve de epígrafe para o programa da primeira parte, extraído de "Funções do cérebro", livro de um psiquiatra de linha positivista, Agliberto Xavier, foi ali colocado por sugestão do colega Messias Liguori Padrão (XXI Turma); é interessante observar a curiosa presença do positivismo, outra vez, num dos momentos do show, por meio da declamação de um texto cujo autor é Augusto Comte (o motivo disso é o fato de que alguns colegas, participantes do espetáculo, dedicavam-se, então, ao estudo das obras desse filósofo).
Já a segunda parte do Show Medicina foi preparada de acordo com o modelo adotado, possivelmente, desde a sua origem, fundado nos cânones da revista musical, formato de espetáculo teatral de enorme popularidade na primeira metade do século XX (que se espraiou, inclusive, para a televisão: quem tiver assistido, por exemplo, às entregas do prêmio Roquette Pinto, na antiga TV Record, ou se lembrar dos antigos programas humorísticos da TV Tupi, da TV Excelsior ou da TV Record, haverá de perceber que o Show Medicina seguia o mesmo formato): um casal de apresentadores (sempre trajados com elegância) apresentava a sequência dos números, em que piadas de boca de pano, quadros satíricos ou humorísticos e canções eram intercalados sem que houvesse relação entre os seus assuntos.
Para quem o assistiu, o Show Medicina de 1974 deve ter sido um espetáculo interessante, curioso e divertido; para quem dele participou foi, certamente, uma experiência fascinante e inesquecível.
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